Breno Altman na Pier Campadello |
No dia 13 de março tivemos mais uma de nossas palestras públicas, com o título "O que é o
fascismo", apresentada pelo jornalista Breno Altman. Discutimos como foi
a evolução do fascismo, e como este se converteu, em nossos dias, no tão atual neofascismo.
Abaixo estão as anotações com o conteúdo da palestra
Foram gentilmente cedidas por nosso Ir∴ José Augusto Braga, da ARLS Fraternidade Acadêmica Guarulhos 3253.
Anotações
Para entender o fascismo, é necessário entender o contexto da 1ª Guerra Mundial, e a consequente desorganização dos Estados europeus. A Alemanha, com o Tratado de Versalhes, perdeu parte de seu território e foi submetida a pesadas sansões. A Itália, embora integrante do pacto vitorioso, teve que arcar com os custos da guerra e não tinha dinheiro disponível. Eram economias decadentes, portanto.
O segundo ponto importante foi a vitória da Revolução Russa. A elite europeia temia que isso se alastrasse pela Europa, com a vitória do proletariado sobre a burguesia. Esses dois pontos geraram um debate interno na Itália e na Alemanha. Não seria possível reerguer esses países através do regime democrático liberal existente antes da guerra. Seria necessário um regime de ferro, que estabelecesse o capitalismo das elites, além de impedir o avanço das forças revolucionárias de Lenin.
Empresários criaram suas tropas, e forneceram poder de polícia aos capitalistas, e é criada uma doutrina unificando e reorientando as elites da Itália. Isso cria um partido, e possibilita o surgimento de Mussolini, que se destaca inicialmente no Partido Socialista.
Vertentes:
A) Nacionalismo italiano - a Itália foi um império, e para reconstruí-lo como Estado forte seria necessário que voltasse a ser um Estado imperialista com reconquista de território, portanto belicista.
B) Catolicismo reacionário - a Itália havia perdido a sua identidade orgânica com a religião, o liberalismo criou um Estado laico e isso era criticado pelos pensadores católicos. Mussolini era ateu, mas entendia que a ligação com a religião era importante sustentáculo do Estado forte.
C) Corporativismo - resposta popular à classe trabalhadora. A lógica do fascismo é que o país só se reergueria se acabasse a luta de classe. A Carta del Lavoro é o documento no qual o Partido Nacional Fascista de Benito Mussolini apresentou as linhas de orientação que deveriam guiar as relações de trabalho na sociedade italiana.
Essas três correntes vão se unificando sob a liderança de Mussolini, que falava para a classe trabalhadora com uma mística teatral. E não apenas a esees, mas também a todos os Italianos, criando uma corrente cultural (futurismo) de expectativas para toda a humanidade.
O Partido Fascista cria uma nova militância, de combate ao Partido Socialista e os movimentos camponeses, que ameaçavam os donos de terra ao sul.
Mussolini recruta suas forças nas ruas e junto aos proletários que não tinham emprego. Esses setores vão construindo a militância.
Vai se estabelecendo um consenso entre a burguesia, que Mussolini é necessário para combater o crescimento do Partido Socialista. Mussolini nos primeiros anos é liberal e democrático, até que em 1926 dá o golpe. A lógica política era tudo a favor do Estado, nada contra o Estado.
O fascismo só se torna racista com o Nazismo, sendo que o Nazismo já nasce com esse pensamento racial. O Estado se cria com a violência, e só a violência pode unir o Estado, por meio de um líder, um Führer.
Inspira muitas correntes, como Salazar em Portugal, que cria o Estado Novo. Franco na Espanha em 1936, contra os Republicanos e pelo Estado Corporatista, que agredia Comunistas e Maçons, e criou um fascismo militar.
Outro fenômeno que difere o nazismo do fascismo é a possibilidade de a Alemanha recriar uma história nacionalista do espaço vital. A Alemanha teria direito a um tamanho maior de território, pois seria composta de uma raça superior. Uma fronteira além dos campos, e que seria a única capaz de vencer os russos e a sua revolução.
A lógica era de um Estado totalitário.
Numa projeção para o presente, o fascismo teve sua evolução, com a apropriação de certos conceitos pelo neofascismo. Uma das principais características do neofascismo é descrença nas instituições do Estado que poderiam ser substituídas por uma liderança forte.
O 18 de Brumário de Luís Bonaparte é uma obra importante para entender esse neofascismo, um governo acima das classes, para defender os interesses do Estado, até contra as próprias classes. Com a burguesia não sendo capaz de gerir o Estado e propor políticas para se salvar o Estado.
Breno Altman recebendo homenagem da Pier Campadello, pelas mãos de nosso Ir∴ Neemias Freire |
Nenhum comentário:
Postar um comentário